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TEMPOS DE CÓLERA

A Humanidade é uma revolta de escravos (Alberto Caeiro, Poemas)

A história da humanidade é a história da luta de classes

18.03.22 | Manuel

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A guerra que se desenrola na Ucrânia é o fruto do confronto entre as diversas potências capitalistas mundiais, independentemente das causas próximas ou pretextos no deflagrar do conflito que opõe a Rússia à Ucrânia. Enquanto houver classes e capitalismo a guerra é inevitável e na fase de globalização e imperialista, fase final do capitalismo, a guerra estará sempre presente e será usada para resolver não só as contradições entre os diversos blocos como a crise interna de cada estado capitalista. A própria guerra faz parte da economia capitalista, quando acaba alguma guerra, o resultado é sempre o mesmo: os capitalistas ficam mais ricos e os trabalhadores mais pobres. Exactamente como sucedeu com a pandemia, que foi uma guerra não contra o vírus mas contra os povos.

Dentro de cada país, a guerra também existe, é uma guerra entre classes, travada pela burguesia contra a classe operária e restantes camadas de trabalhadores do povo, que são exploradas pela extorsão da mais valia, na forma de lucro, juro, renda, etc. A própria burguesia usou a violência para usurpar o poder à nobreza para, substituindo a economia assente na propriedade e exploração da terra, poder desenvolver livremente, primeiro, o comércio e a manufactura, depois, a grande indústria e comércio mundial até aos dias de hoje. Ao longo da História a guerra e a violência nunca deixaram de estar presentes – a violência foi sempre a parteira da História.

Sabendo-se das inúmeras agressões do imperialismo americano contra os estados e as nações independentes para aí colocar governos vassalos, cujas vítimas atingirão os 20 milhões de pessoas e somente após a Segunda Guerra Mundial, e conhecendo-se o genocídio levado a cabo pelas antigas potências europeias coloniais, onde se inclui Portugal, depois do descobrimento do caminho marítimo para Índia e da viagem à volta de mundo de Magalhães, dando início à globalização, à custa de várias de dezenas de milhões de mortes e de horrores, não deixa de ser patético a campanha conduzida pelos grande órgãos de informação (propaganda) corporativos, propriedade de capitalistas, curiosamente a classe que é responsável pelas guerras e delas beneficia. Estamos perante uma enorme e rematada operação de manipulação e de hipocrisia quanto à guerra.

Na guerra que assola a Ucrânia é evidente a posição de vende pátrias da burguesia e da clique política que se encontra no poder, alinhando abertamente pelos EUA e pelo Ocidente, deixando-se usar numa guerra que não é do povo ucraniano, mas das potências capitalistas na disputa por recursos, mercados e zonas de influência. Parece que ainda não se aperceberam que estão a ser instrumentalizados para daqui a algum tempo, após acordo entre as duas potência em confronto, serem descartados por inúteis. O que seria coisa sem grande importância se não fosse o facto de terem arrastado o povo para a morte, a destruição e a miséria. Este é sempre o resultado das guerras entre burguesias, entre elites, entre classes dominantes, o que lhes quiserem chamar, mas não guerras entre os povos. A guerra na Ucrânia não é uma guerra entre povos, mas pode transformar-se numa guerra contra as suas burguesias.