Os falsos pacifistas e a guerra do povo à guerra inter-imperialista
Em Portugal, é mais que patético é ver uma pequena-burguesia ciosa do seu modo de vida, sempre com a boca cheia de liberdade e de direitos dos cidadãos, mas que, quando foi da campanha da pandemia, enfileirou pela política do medo imposta pelos governos da burguesia e pelos interesses dos grande grupos económicos ligados à indústria farmacêutica. E, presentemente, na questão da guerra ou queda-se na posição do “nim”, “de todas as guerras são más e todos são responsáveis”, o que na prática significa a desculpabilização dos verdadeiros responsáveis da guerra; ou, então, coloca-se abertamente ao lado do imperialismo americano, o suserano da Europa, e principal opositor a uma Rússia capitalista e também imperialista; ou seja, a nossa pacifista classe média perde a vergonha (se alguma vez a teve!) e alinha pelo partido da guerra. Aliás, tem sido esta a posição que os partidos de cariz social-democrata assumem ao longo dos tempos, são mais patriotas (e papistas) que a sua burguesia. Claro, sempre com a boca cheia de “liberdade” e “democracia”, mas para eles que, agora assustados, vêem o seu mundo a desmoronar-se. É gente que tem mais medo da revolução que dos malefícios do capitalismo e da velha sociedade em desagregação.
Com o desenrolar da guerra, iremos assistir a manifestações mais ou menos explícitas de nacionalismos burgueses, de chauvinismos por parte não só dos partidos de direita mas de igual modo de partidos ditos de “esquerda”, alguns deles apoiando abertamente a intervenção imperialista (o BE não se cansa de apoiar as agressões imperialistas na Líbia, na Venezuela com a tentativa de golpe de estado, e agora na Ucrânia), para além dos governos onde se assentam partidos social-democratas tipo PS ou PSOE. São partidos que defendem o capitalismo e a colaboração de classes sob a bandeira da luta dos “países democráticos e livres” contra as “ditaduras do leste e do oriente” e contra o “fascista Putin”, muito ao gosto de uma certa opinião pública, em parte imbecilizada pela televisão (90% dos portugueses vêm televisão e 60% não lêem um livro sequer, segundo inquérito recente), e se arvoram nos porta estandartes do pacifismo. Ao lado destes partidos, observam-se umas flores de lapela, ex-maoistas e ex-trotskistas, alguns fora da política activa, e que no seu ardor anti-guerra enfiam no mesmo saco os responsáveis pela guerra e as vítimas numa equidistância desarmante e paralisadora da luta dos trabalhadores. Alguns deles, talvez pela vaidade ou personalidade histriónica, nem se importam de ter abertas as páginas dos media do discurso único, com o intuito de vez em quando mostrarem que até há liberdade de expressão no aparelho de propaganda que são todos os media corporativos. Também não é por acaso que a burguesia tem encarregado alguns desses cristão novos da tarefa de escrever alguns trechos da história contemporânea, tipo cronistas do reino.
Ao contrário das posições desta pequena-burguesia geralmente bem instalada e beneficiando das delícias da democracia burguesa, a posição dos povos e dos trabalhadores é mover a guerra contra a guerra imperialista. É preciso romper com a legalidade burguesa, e não respeitá-la, a luta de classe deve ser intensificada e a questão da pátria deve ser entendida como a pátria de quem trabalha. A guerra imperialista tem o condão de mostrar que os operários não têm pátria e reforçar o espírito do internacionalismo, porque o inimigo é comum: o capitalismo e a burguesia em cada país. Tem-se assistido às tentativas por parte de Bruxelas de fomentar os regionalismos na Europa porque essa é uma via de melhor penetração do grande capital financeiro para entrar em cada um dos países. Como tem sido clara e evidente a política imposta pela Alemanha de retirar soberania económica, monetária e até política dos diversos estados que ainda compõem a União Europeia, transformando-os em simples länders do IV Reich; mas, por outro lado, será meio caminho andado para a união dos povos contra o grande capital e as elites europeias, incluindo a alemã. O capitalismo na sua fase imperialista irá, como já está a acontecer, destruir a velha nação, entidade criada pela burguesia como forma de dar livres asas ao desenvolvimento do capitalismo. À semelhança da livre concorrência que, tendo sido necessária à evolução do capitalismo, é agora destruída pelo próprio nesta fase monopolistas e global. Perante a guerra imperialista – enfatizamos – todos os trabalhadoras e povos (incluindo o povo ucraniano) devem erguer a bandeira da guerra civil revolucionária e acabar com o capitalismo e com a burguesia.
Em Portugal devemos exigir a saída do país da Nato e dizer não à entrada de Portugal na guerra, apesar das forças armadas nacionais serem constituídas, por enquanto, por mercenários.
Pelo o internacionalismo proletário e Não à guerra inter-imperialista!