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TEMPOS DE CÓLERA

A Humanidade é uma revolta de escravos (Alberto Caeiro, Poemas)

Os negócios entre o Vaticano, a Mafia e a Maçonaria

18.08.23 | Manuel

Como se aclara o mistério do assassinato do presidente do Banco Ambrosiano

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"Monsenhor" Marcinkus 

Por Lisandro Otero

Nas últimas semanas a morte de João Paulo II e a eleição de Bento XVI ocuparam todas as páginas da imprensa mundial dedicadas ao Vaticano. Talvez por isso uma notícia no diário “La Republica”, a 4 de Maio, teve tão pouca atenção. A notícia era a seguinte: «o ex-contabilista da máfia, Pippo Calo, o negociante Flavio Carboni e a sua amiga Manuela Kleinzig, assim como o chefe da banda Magliana, Ernesto Diotavelli, foram enviados ao juiz para responder pelo assassinato do presidente do Banco Ambrosiano Roberto Calvi, morto em 18 de Junho de 1982 ao ter sido lançado da ponte de Blackfriars em Londres».

O corpo do proeminente banqueiro italiano apareceu lançado da ponte tendo-se inicialmente julgado que se tinha suicidado, mas, como a policia revelou, o seu corpo não apresentava as escoriações típicas que se produzem em tais factos e nas suas mãos não apareciam vestígios da corda que o matou.

O mistério manteve-se até há três anos quando surgiram novas provas devido a uma autópsia ordenada por uns juízes de Roma, tendo a família autorizado a exumação do cadáver. O falecido, Roberto Calvi, tinha o sobrenome de “o Banqueiro de Deus” por dirigir um banco do Vaticano. Desde então se dizia que tinha sido assassinado pela Mafia por não ter podido desembolsar os fundos que os gangsters napolitanos tinham depositado nos cofres da Igreja Católica.

O promotor do ministério público, Salvatore Vecchione, revelou que os médicos forenses chegaram à conclusão pela primeira vez que se tinha tratado de um assassinato.

O filho do banqueiro declarou ao periódico “La Republica” que o seu pai foi liquidado pela máfia que por sua vez executou esse trabalho que lhe tinha sido encomendado por uma terceira parte.

Roberto Calvi esteve envolvido no colapso do banco Ambrosiano que teve perdas de mil milhões de dólares. O caso foi um dos maiores escândalos de Itália. Calvi era membro da logia secreta P-2, à qual pertencia o actual Primeiro-ministro Berlusconi, que realizou uma meteórica ascensão financeira graças aos créditos para os seus negócios da Banca Nazionale del Lavoro y del Monte del Paschi di Siena.

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Corpo de Roberto Calvi retirado da ponte do Tamisa

 Em 26 de Janeiro de 1978 Berlusconi inscreveu-se na Logia P-2 com o número de 1816. A P-2 era uma organização secreta que começou, em 1963, com Licio Gelli, que recrutava altos membros do exército italiano e dos serviços secretos, assim como importantes industriais e banqueiros. Gelli foi oficial da División Herman Goering das SS alemãs, durante a Segunda Guerra Mundial, também pertenceu ao Batalhão das Camisas Negras de Mussolini. Depois da guerra, organizou as linhas de fuga para altos oficiais nazis para América do Sul, entre os quais Klaus Barbie. A P-2 chegou a constituir um estado dentro de outro estado e chegou a acariciar a ideia de efectuar um golpe para levar os neofascistas ao poder.

Gelli tinha importantes conexões com o Papado através do Cardeal Paolo Bertoli e do Arcebispo Paul Marcinkus, director do banco do Vaticano desde 1971. A partir da eleição de Wojtyla, Marcinkus foi o homem chave do papa tendo enviado mais de cem milhões de dólares ao Movimento Solidariedade para ajudar ao desmoronamento do socialismo na Polónia.

Essa é a organização financeira na qual o siciliano Michael Sindona, associado à família mafiosa dos Gambino nos Estados Unidos, chegou a ser o principal operador das transacções “offshore” do Vaticano. Amigo íntimo do cardeal Montini converteu-se numa importante personalidade na sede de São Pedro quando aquele foi eleito Papa com o nome de Paulo VI.

Roberto Calvi, gerente do Banco Ambrosiano, também propriedade da Igreja Católica, apareceu enforcado quando desapareciam mil milhões de dólares das arcas dessa instituição.

Toda esta história que parece matéria de um filme de acção, já foi rodada por Francis Coppola e pode ver-se na terceira parte do filme “O Padrinho”.

Membro distinguido e favorito dentro desta urdidura de interesses, de irmandades secretas, de confrarias, de conspiradores, de “capos” mafiosos, de defraudadores financeiros associados ao Vaticano e a ex-líderes militares do nazi-fascismo, Berlusconi é o novo Padrinho, o chefe supremo de todas as famílias mafiosas, o “capo di tutti capi” e Calvi fica só como uma sombria recordação de um passado obscuro. Agora vinte e três anos passados descobriram-se e enclausuraram-se os seus perpetradores. Segredos da Mafia e do Vaticano!

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O livro de Rupert Connwell, que põe a nu as ligações ínvias do Vaticano com a Mafia e a Maçonaria.

(Ver texto em "Rebelión" e fotos em www.ilexicom.com e www.americanatheist.org)