TEMPOS DE CÓLERA

 Prólogo O Rato no fosso é como o Gato no poço O Rato sabe nadar O Gato não  * Quem Aqui ao meu lado do hospital psiquiátrico Júlio de Matos saem os doentes para a rua e há um que se despe e passeia orgulhoso do seu corpo pela Avenida (...)

Poeta castrado não! Serei tudo o que disserem por inveja ou negação: cabeçudo dromedário fogueira de exibição teorema corolário poema de mão em mão lãzudo publicitário malabarista cabrão. Serei tudo o que disserem: Poeta castrado não! (...)

  O Poeta: A um Jovem Poeta Procura a rosa. Onde ela estiver estás tu fora de ti. Procura-a em prosa, pode ser que em prosa ela floresça ainda, sob tanta metáfora; pode ser, e que quando nela te vires te reconheças como diante de uma infância (...)

Poema de Guerra Junqueiro Pedro Soriano foi o herói de um casamento simulado que houve em Lisboa. Tinha o membro viril desenvolvidíssimo. Uns amigos de Junqueiro encarregaram-se de lhe apresentar o Soriano porque, tendo contado a Junqueiro (...)

  NATÁLIA CORREIA Natália de Oliveira Correia nasceu em 1923 na ilha de São Miguel (Açores), vindo criança para Lisboa, onde fez os seus estudos liceais. Frequentemente arrumada pela crítica no cacifo surrealista, tem a autora a (...)

  Duas penas de morte Quando saiu da prisão de Burgos, no início de 1962, Fernando Macarro Castillo cumprira 23 anos atrás das grades, tendo-se desenvencilhado de duas penas de morte. O táxi que o levava a Madrid foi obrigado a parar (...)

  De profundis amamus Ontem às onze fumaste um cigarro encontrei-te sentado ficámos para perder todos os teus eléctricos os meus estavam perdidos por natureza própria Andámos dez quilómetros a pé ninguém nos viu passar excepto claro (...)

Álvaro de Campos (versão integral sem a censura dos versos considerados “linguagem grosseira”) *   À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica Tenho febre e escrevo. Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto, Pa (...)

A CAPTURA E A MORTE                  Às cinco horas da tarde. Eram cinco da tarde em ponto. Um menino trouxe o lençol branco às cinco horas da tarde. Um cesto de cal já prevenida às cinco horas da tarde. O mais era morte e apenas morte (...)

 NOS OLHOS TRAZ O AMOR A MINHA DAMA Nos olhos traz o Amor a minha dama e tudo o que ela olha se enobrece. Todos se voltam para vê-la – e aquece os corações, do seu aceno, a chama. Baixando os olhos, cada qual proclama suas culpas num (...)